Você não precisou dizer nada. Aliás, não dizer nada foi exatamente dizer tudo. Você conheceu outra pessoa.

Descobri ontem, durante o filme que víamos na sua casa. Quando pegou o celular e digitou algumas palavras. Foi ali que soube que conheceu outra pessoa. Você usou aquele sorriso. Aquele do nosso primeiro encontro.

Não vou te colocar contra a parede nem pedir pra escolher.

A escolha não é sua.

Há um tempo você tem andado distante. Não me olha nos olhos. Não responde minhas mensagens com a mesma ansiedade de antes. Estar ao seu lado não é mais tão divertido. Você não está lá. Suas piadas ficaram sem graça, seu toque superficial. Não conversamos mais.

Me pergunto se ela é mais bonita, mais interessante, se é mais. Deve ser. Pensar nisso faz do meu coração um corpo externo, desnecessário.

Percebo que não temos outra programação. No fim de semana em que você pode (quer) me ver é sempre a mesma coisa: eu pego um taxi, vou até seu apartamento, ficamos juntos e, então, volto pra casa. Sem beijo. Sem afeto.

Aqueles minutos dentro do taxi, voltando pra casa, são regados a tristezas e incertezas. Já sabemos como isso vai terminar. Que vai terminar.

Podemos conversar?, mandei pelo whatsapp. Você me chamou pra sua casa. Não. Vamos naquele café que eu gosto? Vai ser uma conversa rápida. Tudo bem, você respondeu. Não pareceu se importar, embora tenha certeza de que saiba o que quero dizer.

Tento evitar a tristeza e me convencer de que a vida é mesmo assim.

Você conheceu outra pessoa. Nossa história, que mal começou, acaba aqui.

give-a-shit

ju.jpgJuliana Borel é aspirante a escritora e poeta. Pra ganhar dinheiro e pagar as contas é jornalista a maior parte da semana. Pra se inspirar gosta de ouvir Guns, trilhas sonoras e esbarrar por aí em pessoas interessantes. Seu blog procurasepoesia.blogspot.com.br é praticamente seu DNA.

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