A música da banda preferida traz de volta aquela noite em que a noite parecia vestir nossas peles e tudo era novo. O ar morno enluarado iluminava a cama e nossas almas. Fazia o cheiro das árvores invadir o quarto.

Não sorrio.

As coisas mudaram agora. O calor que envolvia o frio que envolvia nossos corpos não existe mais. Ternura é palavra dura mergulhada na aridez da falta.

Não sorrio.

As coisas mudaram agora. Ficar em casa é ruim, sair dela também. As horas duram dias. Os dias. não. passam. Preciso dormir. Preciso dormir. Mas atravessar o travesseiro tem sido difícil.

Não sorrio.

As coisas mudaram agora. Passar pela esquina da sua rua me faz baixar os olhos e não te encontrar. Me faz ver você em todos os passantes de terno e gravata. Sinto o coração dar um salto. Alívio?

Não sorrio.

As coisas mudaram agora. O futuro tem gosto de passado sem gosto. O presente, pretérito imperfeito do futuro. As coisas mudaram agora.

Não, não sorrio.

500-days_00374019

ju.jpgJuliana Borel é aspirante a escritora e poeta. Pra ganhar dinheiro e pagar as contas é jornalista a maior parte da semana. Pra se inspirar gosta de ouvir Guns, trilhas sonoras e esbarrar por aí em pessoas interessantes. Seu blog procurasepoesia.blogspot.com.br é praticamente seu DNA.

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