O gosto do pão fresco lembra a primeira vez em que nos vimos. O leite quente e o café recém passado; aroma de nascer do sol.

A janela derrama luz amarela sobre a mesa e escorre pelos meus cabelos. Deixa meus olhos um tom mais claro. Como você, que deixa tudo um tom acima.

A fumaça do bolo de fubá dança pelo ar. Às vezes, se mistura com o fio de nuvem que sobe do chá e, entrelaçadas, giram num balé gracioso igual ao nosso.

O tilintar da colher na xícara enquanto misturo o açúcar no café lembra sua risada naquela tarde chuvosa. Quando dormimos juntos e soube que tudo seria diferente dali em diante.

Então, você. Com um beijo doce senta ao meu lado e rouba um gole do meu café. Deixo. Como tenho deixado você roubar outras coisas: a solidão, o cansaço, o mau-humor. Quanto mais me rouba, mais eu ganho.

Faço questão de não estragar tudo. Por isso não ligo a TV no jornal matinal nem pego o jornal que o entregador jogou ainda agora na porta. Pra que trazer o mundo pra dentro de casa se já temos tudo?

Não.

Apenas ligamos o rádio numa estação dessas que toca música dos anos 20 e ficamos assim: café, bolo e amor. Pra que mais?

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ju.jpgJuliana Borel é aspirante a escritora e poeta. Pra ganhar dinheiro e pagar as contas é jornalista a maior parte da semana. Pra se inspirar gosta de ouvir Guns, trilhas sonoras e esbarrar por aí em pessoas interessantes. Seu blog procurasepoesia.blogspot.com.br é praticamente seu DNA.

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