Essa carta é para você, que me fez chorar. Que me procurou mesmo sabendo que eu já tinha sofrido e, mais uma vez, mostrou que eu não era uma opção.

Pode ficar tranquilo, no entanto. Essa não é a carta de uma pessoa rancorosa ou revoltada. É só o relato de alguém que quer dizer que você foi uma das melhores coisas que aconteceu na vida dela.

Sento aqui, pego essa caneta azul velha, tomo um gole de café e escrevo pra dizer que sem você talvez eu não tivesse encontrado a paz que sinto hoje. Sem você e tudo que me fez sentir – e foi tanto –, provavelmente não teria descoberto o que não quero em uma pessoa ou o que precisava mudar em mim.

Não somos amigos e nem seremos. Seu papel foi importante por aqui, mas curto e insuficiente para permanecer. O que é bom. Porque houve tempo em que achava que nada tinha sentido sem sua presença. Agora percebo que a sua presença é que não faria sentido.

Essa carta é para agradecer.

Agradecer por ter me ajudado a trilhar um caminho de autoconhecimento que ninguém antes tinha conseguido. Doloroso é verdade. Mas necessário.

Por fazer com que eu entendesse que sou completa sozinha. Que não existe metade da laranja, porque somos a laranja inteira. O dia que o amor finalmente cruzar o meu caminho, vai ser para encontrar o espaço reservado para ele. Para fazermos uma salada de frutas e não para nos completarmos.

Essa carta é para dizer adeus, pois é a última vez que penso em você. É pra dizer que foi bom enquanto durou, mas melhor ainda foi não ter durado.

laranja_metade1024

ju.jpgJuliana Borel é aspirante a escritora e poeta. Pra ganhar dinheiro e pagar as contas é jornalista a maior parte da semana. Pra se inspirar gosta de ouvir Guns, trilhas sonoras e esbarrar por aí em pessoas interessantes. Seu blog procurasepoesia.blogspot.com.br é praticamente seu DNA.

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